O mundo encantado dos brinquedos

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Segunda-feira 18h30. Saio do trabalho em peregrinação.
Cidade nova, casa nova, ida ao Ikea.

O ritual é proferido por milhares de pessoas de todo o mundo. Erasmus, estagiários, emigrantes, locais, ricos ou pobres. Todos peregrinam até à grande caixa azul de pequenas janelas. Cada qual com a sua promessa.

Entra-se e é igual ao santuário que temos na nossa terra. De repente estou em Lisboa, subo as mesmas escadas de madeira, agarro o mesmo saco amarelo pela alsa e percorro os mesmos corredores entrando em divisões onde se vendem partes das casas dos nossos amigos (por enquanto ainda não das dos nossos pais). Com um estalar de dedos os adultos viram crianças no mundo encantado dos brinquedos e deixam-se hipnotizar pelas cores, pelos cheiros, pelos sonhos e pelas casas fantástcias que afinal até podem ter. Começa a transe bem esgalhada pelos suecos.

bem que giro! que barato. afinal até precisava de uma coisa destas. vale mesmo a pena. e se levar o pacote com 6? ahhhh, este fica a condizer com aquele. é tãããão giro. ah, é verdade tinha feito uma lista. é que isto faz toda a diferença numa sala. mas tu não tens sala. não interessa, é giro!

Horas depois chego finalmente à caixa onde invariavelmente os números no ecrã desconfirmam a promessa inicial de não gastar fortunas. Para consolo lá vai um cachorro sueco. olha que se lixe, é tão barato.

No fim, e já de estômago recomposto, os mais "pé descalço" têm sempre a inglória missão de após tão extenuante peregrinação, ter ainda de carregar que nem mulas com os pesados bocados de plásticos, madeiras,borracha e parafusos até ao transporte mais próximo, que nessas alturas fica sempre mais longe do que Meca.

P.S.: Consumismos à parte: hoje dormi toda contente num quarto a que já chamo meu.