Wednesday, October 10, 2007

em fuga



Tenho tanta coisa para contar que me sento à frente desta caixinha de posts e fico meia estagnada. Ando, desde que cheguei, embrulhada em relatórios sem grande interesse… e com tanto sono que nem cafés me safam…
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Queria contar que neste último mês estive em 8 cidades e 5 países. Que assisti a concertos de musica clássica em catedrais, embaixadas e no meio de ruas sujas e paradas no tempo. Que fui a um concerto de música africano/venezuelana e acabei no palco a dançar com o Embaixador de Cabo Verde e a comer cachupa. Que jantei coreano num restaurante sem álcool e paredes cheia de citações bíblicas e no dia seguinte tive um jantar (com entrada e sobremesa) feito só à base de cogumelos. Colhidos e preparados pelas mãos lá de casa.
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Queria contar que dancei até ter bolhas nos pês a noite toda com os amigos de sempre num casamento onde os noivos foram e são um lição de coragem feita gente. Que voltar às origens nem sempre é fácil, mas em que se cresce sempre.
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Queria contar que Copenhaga é a cidade que esperava sem tirar nem pôr. E que mesmo debaixo de chuva não perde o encanto. Sobretudo quando se vai com a companhia certa. Queria contar que fui lindamente acolhida, com edredons e um pequeno-almoço de luxo. Que vi jóias da coroa, bairros fora da lei, palácios e guardas mais concentrados em aparecer nas fotografias dos curiosos do que no render da posição. Que uma monarquia assim não me pareceu nada mal.
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Queria contar que em Munique visitei a minha prima meia-suiça que é casada com um alemão, e da mistura explosiva resulta um acordar ao sábado às 8 da manhã, e ao Domingo, porque é dia de festa, o sino toca só às 8h15. Que em Munique é tudo muito germânico, tudo muito posto por ordem e tudo muito civilizado. Mas que é aqui que duranteas 2 semanas do Oktoberfest passam mais de 8.000 pessoas loucas, as mulheres se vestem como a Heidi, os homens com calças justas, toalhas de mesa e suspensórios, a cerveja só se serve ao litro e a cidade fica um autêntico pandemónio de bêbados. Em que a meio da tarde eu também já não distinguia o Sul do Norte, muito menos nas montanhas russas entre gigantes e tendas de cerveja. Queria contar que para lá fui de boleia num Mercedes encarnado de 1984 e que comigo iam um sérvio, um iraquiano e um alemão de 2 metros e cabelo rapado. Que durante as 5 horas o maravilhoso mundo dos Ipod’s permitiu conhecer muita música nova. E que no regresso apanhei um baterista que já tinha tocado ao vivo na Praça da Alegria.
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Queria contar que Estocolmo passou a ser uma das minhas cidades preferidas. Que é lindo e que nunca ninguém me tinha avisado. Que é uma cidade feita de 14 ilhas e ilhotas, muitas pontes, barcos, esplanadas, cultura e muito design. Que me perdi entre ruas estreitas e coloridas e que mesmo sem perceber nada fui ao Parlamento ver o Primeiro-Ministro sueco discursar. Que é um mito totalmente disparatado a história dos nórdicos se suicidarem, que eles têm uma qualidade de vida invejável e são dos povos mais satisfeitos do mundo.
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Queria contar que apanhei um barco em que havia um casino, restaurante, loja tax free, um palco e uma banda a tocar. Tipo “Barco do Amor” mas muito muito low budget, cheio de dourados a descolar e vidros embaciados. No estilo “wanna be” mais manhoso que já vi. Queria contar que passado 16 horas desembarcámos em Riga e fomos acolhidos pelo “animador” do Hostel que tinha unhas pintadas de preto e que às 11 da manhã nos oferecia cervejas e perguntava se não queríamos ir aí dar uns tirinhos com revolveres e metralhadoras verdadeiras. Que em Riga há vida para além dos strip clubes e do álcool, que se confirma que as estónias são mesmo muito bonitas, e que já há muitos turistas por aqui. Que a vista da cidade do 26º andar é magnífica e em que por 1 lat (0,70€) tive direito a 5 min de massagens numa cadeira, que continuo a acreditar, escondia um homem com umas mãos divinais lá dentro.
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Queria contar que Kaunas fica na Lituânia, e que é uma terra parada no tempo. Que chegámos à estação central, em que os telemóveis não funcionavam, não tínhamos dinheiro na moeda local e nem sequer o nome da pessoa que nos ia albergar. Que ninguém fala uma palavra de inglês e em que o lituano é tão fácil de entender quanto o chinês ou o russo. Que graças a um jovem de cabelo azul nos acabámos por safar e que andámos num autocarro dos anos 60 puxado por cabos de eléctrico. Que fomos a uma festa de um site lituano em que todos estavam vestidos de verde, a comida era verde e as bebidas eram verdes e nós obviamente que não percebemos porquê!
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Queria contar que Vilnius vai ser capital da Europa em 2009 e que a passagem por lá foi uma grande surpresa. Que os ortodoxos, católicos e protestantes vivem uns ao lado dos outros e que todas as igrejas estão cheias. Que vivi uma das missas mais bonitas de sempre, numa igreja destruída, com marcas de balas, cheiro a incenso e cânticos incríveis. E que no fim de tantos conta-kilometros ganhei para além de tudo o mais uma boa amiga.
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Queria contar sobre todas as outras pessoas, sons, sobre as cores e os cheiros de Outono em terras diferentes. Porque foi tão bom. Porque se sente tão vivo. Porque cresce dentro de nós esta vontade de ver mais… e porque há tanto mundo. Conto porque me estou nas tintas se isto acaba num texto elaborado que chega a parecer ridículo. Ou se fica tão comprido que ninguém tem paciência para ler. Conto porque não quero esquecer. Conto porque me dá imenso gozo relembrar. Conto porque espero poder contar muito mais.

5 comments:

Makuu said...

Achei tudo muito porreiro, acho que isto te vai correr nas veias para sempre. Mas.... só uma coisa... cogumelos apanhados e cozinhados por maozinhas próprias??? Joder chica, isso é que nem que me pagassem!!

ChiCa said...

ufa!.... (mas li tudo até ao "finzinho")

ChiCa said...

ufa!.... (mas li tudo até ao "finzinho")

Anonymous said...

Concordo com tudo :) principalmente com a parte final!afinal de contas, aos 25 somos eternos!! (24 para mim) e este foi sem dúvida um ano muito diferente do naormal...
E quero acrescentar: o meu i-poooodddddddd hahaha afinal temos mais 6 litas! uaaaaauuuuu e quem é q disse que a Letónia era barato?!
Um reparo...estiveste em 6 países!fantástico...continua a percorrer esse mundo de sorriso nos lábios!!
Beijinhooosssss Bea

Berliner said...

que bom pelo menos 3 pessoas tiveram paciencia para ler. Já não acho nada mau!

Makuu os cogumelos foi canja, garanto-te que o coreano foi bem mais complicado. E logo eu que sou tão boa boca!!

Chica teno saudades tuas! Pronto. Já disse.

Bea temos que fazer mais destes planos. Não penses que por voltares para LX as coisas ficam por aqui!