Friday, April 27, 2007

Habitus

O gajo corria para todo o lado
sim, os putos riem-se todos para mim, e então? não quero filhos.

O gajo nem sabia bem o que queria ou se queria mesmo o que quer que fosse
claro, vou daqui para ali de mochila nas costas porque me vou fazer mais homem.

Onde vais, rapaz? Pareces um soldado, sabes?
- O que tu sabes já eu esqueci.

Posso chegar a ti? Dar-te a mão ou encostar a cabeça?
- Ui. Podes pedir o que quiseres. Por ti corro o mundo, arranjo-te médicos se estiveres doente, psicólogos se precisares de ajuda, músicos se precisares se novos sons, curandeiros se quiseres remendar o coração. Mas nunca, nunca me peças a mão. Nunca me peças sossego. Isso dei só uma vez, uma só e nunca mais. E obviamente que, depois de um fim, ninguém quer um princípio. Só os cegos.

Mas e se eu prometer mudar a tua vida?
- Promessas. Leva-as o cabrão do vento.

Posso então ficar contigo?
- Podes, claro. Se me prometeres que não prometes nada. Porque isso quer dizer que não esperas nada. E que um dia, tanto tu como eu, podemos acordar de manhã e o outro não estar.





Claro que o gajo voltou a magoar-se. Claro que o gajo voltou a viver. Claro que voltou a acordar um dia e o outro não estava. Mas isso, pá, sempre é melhor, muito melhor, que acordar um dia sozinho, tendo adormecido sozinho na noite anterior.

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