Friday, May 11, 2007

Pessoas Comuns em Cascais

Eu jantei com a minha família.
De manhã fui correr e dei um mergulho na praia. Trabalhei o resto da manhã no atelier. Almocei numa casa de amigos com vista sobre o mar e sobre esta cidade que no centro é bem bonita. Adormeci um ser humano com 5 meses no meu colo. Tirei fotografias. Voltei para o atelier, a pé desde casa, sempre junto à água. Lanchei com a amiga de sempre. Vim para casa. Antes de começarmos a jantar ouviu-se um choro bem selvagem, daqueles que já cheira a sangue, e um puto de 3 anos fez a sua primeira ferida aberta. Ele, a mãe dele e eu saímos daqui para o Hospital, para as sempre alegres esperas da Urgências. O tal de puto gritou muito e riu muito. Fizemos uma amiga chamada Lúcia, mais nova que o tal de puto, mas mais atinada que o tal de puto. A amiga Lúcia e o tal de puto ganharam ligaduras iguais.
No caminho para casa, a mãe do puto e eu explicámos-lhe como a senhora mágica tinha posto uma cola mágica na cabeça dele. E que agora ele era mágico também. E que não podia dizer a ninguém. O tal de puto respondeu que não dizia a ninguém, só a um Amigo. E nem vos digo o nome que pôs a tal amigo.
E depois, eu jantei com a minha família. Com um coração não artilhado nem armadilhado, não exaltado nem cansado, só bafejado por um sopro leve de ternura.

E pela primeira vez em muito muito tempo, pensei que o comum, de vez em quando, não era mau de todo.





(música sobre o tal de puto, que se ouvia há três anos nesta casa)

1 comment:

SL said...

O comum é muito bom, sempre disse....

o tal puto é a coisa mais querida!!!